domingo, 13 de junho de 2010

Os primeiros jogos-porres


Por Carlos Henrique Carvalho

Hoje venho falar sem muito respeito dos primeiros jogos da copa e, consequentemente dos porres que foram esses jogos. Nunca vi um nível tão fraco nas peladas homéricas que pude acompanhar. Com exceção de Argentina 1 X 0 Nigéria, Sérvia 0 X 1 Gana e Holanda 2 X 0 Dinamarca, os outros jogos podem ser catalogados na lista dos jogos para serem esquecidos.
A tônica das primeiras rodadas constatou a terrível e chatíssima prática do futebol de resultados que vem ganhando adeptos e definitivamente sepultando o futebol-arte. Equipes preocupadas demais em não perder para depois pensar em ganhar têm promovidos sonoras peladas pelos campos da África do Sul.
A etnografia do futebol de resultados é clara: imagine a equipe X com preparo físico invejável, capaz de correr os 90 minutos, mas que não tem uma técnica apurada, falta um bom domínio de bola, falta um jogador habilidoso e capaz de resolver uma partida, mas que tem aplicação tática. Então, partindo desses fatores, essa equipe X pega um adversário Y de notável técnica e domínio de jogo com jogadores bastante habilidosos. O que a equipe X faz para não perder o jogo? Reconhecendo a sua inferioridade diante da equipe Y, ela recua demasiadamente, se fecha no seu campo de defesa, dar chutões na bola e no adversário com o objetivo de cansá-lo e fazer perder controle do jogo.
Por exemplo, no jogo-porre Uruguai 0 X 0 França foi sofrível ver duas equipes praticando um futebol pífio e mais preocupada com a derrota do que em buscar a vitória. Quem também pôde ver Eslovênia X Argélia deve ter tido “cãibras nos olhos” de tão ruim que eram as duas equipes, mas tão ruins que a vitória da primeira equipe só poderia ter surgido graças a um frango horroroso do goleiro da Argélia (foto da agência AP). Tudo bem que não precisa haver sempre um jogo-espetáculo, mas será possível que nenhuma seleção vai jogar o mínimo necessário para encantar os adeptos do futebol-arte?
Em suma, os jogos burocráticos que assisti tem sido de verdadeiros porres, de uma monotonia fatigante que expõe a crueza do tédio, que proporcionaram bocejos e cochilos. Salvo raras exceções, o futebol de resultados produz pouca objetividade e menos gols ainda. Os primeiros jogos mostraram claramente isto.

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