quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Colóquio Fenomenologia e Arte


De 2 a 5 de setembro estarei trabalhando na organização do Colóquio Fenomenologia e Arte – Diálogo e criatividade que será realizado no Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE) em Fortaleza sob a chancela do Grupo de Estudos Sartre (GES-UECE). Neste evento, pretende-se fazer um resgate histórico, filosófico e artístico da fenomenologia e da arte no seio do diálogo e da criatividade ao mesmo tempo em que se dialoga a inserção da arte com a filosofia, mais especificamente a fenomenologia e as ciências humanas e vice-versa, bem como propor a problematização do sentido da existência da fenomenologia como ciência e método e da arte como elo fundamental que impulsiona a criatividade do ser humano.

Para saber mais veja no blog do evento
http://fenomenologiaearte2009.blogspot.com/

Por Carlos Henrique Carvalho

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um pouco sobre a fenomenologia de Husserl


“... aprende-se o que é fenomenologia passo a passo, através da leitura, discussão, e reflexão... O que é necessário é mais simples: aprender o que se deve através de atitudes naturais, tentar descrever as apresentações sem pré-julgar os resultados tomando por garantia a história, a causalidade, intersubjetividade, e valor que ordinariamente associamos com nossa experiência, e examinar com absoluto cuidado a estrutura do mundo da vida diária para que possamos entender sua origem e sua direção... Há um senso legítimo no qual é necessário dizer que se deve ser um fenomenologista para poder compreender a fenomenologia.” (NATASON, 1998)

1. O que é fenomenologia?
A fenomenologia é o método que faz a mediação entre o sujeito e o objeto ou, dizendo de outro modo, entre o eu e a coisa. A partir da perspectiva que se deseja emprestar à realidade, ou à coisa, se podem distinguir três grandes linhas na fenomenologia: a transcendental, husserliana, a existencial, a partir de Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty, e a hermenêutica, cujos representantes maiores seriam Hans George Gadamer e Martin Heidegger. Segundo Husserl (1859 – 1938), fenomenologia é qualificada como “um retorno às coisas mesmas”. Nesse sentido, compreende-se uma conversão do olhar que se lança habitualmente sobre as coisas e que implica não mais falar delas mediante a tela de uma teoria prévia. Doravante, toda doutrina será subordinada à representação de um objeto que somente meu espírito constituirá: não se trata mais de explicar nem de analisar as coisas, mas de descrevê-las. Assim, a fenomenologia é uma descrição da estrutura específica do fenômeno, aparecendo como condição de possibilidade do conhecimento na medida em que a consciência constitui as significações no nível da apreensão empírica ou da constituição transcendental dos objetos.
De fato, a compreensão do projeto fenomenológico husserliano depende de que se compreenda primeiro como o filósofo apresenta a estrutura da consciência enquanto intencionalidade. Este conceito oriundo da filosofia medieval significa dirigir-se para, visar alguma coisa. Alguns estudiosos atribuem a doutrina da intencionalidade à escolástica representado por Guilherme de Ockham, embora Husserl tenha atribuído sua patente a Franz Brentano.

2. A doutrina da intencionalidade: a subjetividade como ponto de partida e o objeto como ponto de chegada
A consciência é intencional significa que “toda consciência é consciência de“. Logo, a consciência não é uma substância (alma), mas uma atividade constituída por atos (percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc), com as quais visa algo. Assim, a consciência não é mais uma essência ou uma entidade, independente e abstrata, mas é seu próprio “conteúdo” que a funda. Em suas Investigações lógicas, Husserl deixava claro que “na percepção algo é percebido, na imaginação algo é imaginado, na enunciação algo é enunciado, no ódio algo é odiado, no desejo algo é desejado, etc.”. A afirmação de que a consciência não percebe no vazio, mas sempre a partir de alguma coisa corresponde a uma definição mais precisa desta como perspectiva. Perceber é ter uma intenção.
Husserl esforça-se por remontar a um cogito fundador de toda a filosofia e de todo saber. Após ter ido em direção aos fenômenos e ao termo da revelação de uma relação de reciprocidade entre a consciência e o objeto, trata-se de voltar ao sujeito pelo viés dos objetos que lhe são inerentes. Nesse sentido, é preciso colocar o mundo e todos seus correlatos em questão ou como disse Husserl: “pôr o mundo entre parênteses”.

3. Redução fenomenológica – epoquê.
Trata-se de uma operação pela qual a existência efetiva do mundo exterior é posta entre parênteses para que a investigação se ocupe apenas com operações realizadas pela consciência sem que se pergunte se as coisas visadas por ela existem ou não realmente. Em outras palavras, a redução é um conjunto de procedimentos metódicos que objetivam suspender tudo aquilo que está ou é dado. A redução diz Husserl, suspende “a tese natural do mundo”.(do grego thésis: posição, aceitação). A atitude natural é a atitude cotidiana de “tese do mundo”, ou seja, acredita-se espontaneamente que as coisas exteriores existem tais como são vistas; portanto, natural e espontaneamente “põe-se o mundo”. Pela redução, deixamos de dirigir o nosso olhar para os objetos tomados em si mesmos em seu ser inacessível (a mesa, a árvore, a cidade) para dirigir a atenção para os atos da consciência que nos permitem chegar até eles (nossa visão da mesa, nossa lembrança da árvore, nossa imaginação da cidade). A redução fenomenológica é uma conversão do olhar que nos permite chegar ao objeto vivendo-o segundo seu sentido para nós, segundo o valor que lhe atribuímos e sobre o qual não negamos nossa responsabilidade. A redução, articulada à suspensão, é antes um processo de encaminhamento, um método, do que um conceito ou parte de um sistema teórico. É preciso mesmo que se rejeite a imposição de qualquer sistema; tamanha seria a riqueza dos fenômenos que se afiguraria falta de retidão e lealdade anteceder a humilde interrogação dos fenômenos de um sistema que a priori controlasse a interrogação para melhor submeter o objeto da atenção e, portanto, do controle. Nicolai Hartmann chegou a afirmar: “nada pode ser de proveito senão a tendência de abeirar-se dos fenômenos de tão perto quanto possível, para aprender a vê-los na sua multiplicidade e para só depois retornar de novo às questões gerais”. Assim, a redução compreende dois procedimentos: uma redução eidética e uma redução transcendental.

3.1 Eidética – Idéias (eidos)
3.1.1 Noema – Objeto enquanto pensado
3.1.2 Noesis – Objeto enquanto tal: componente real.
Compreende uma técnica de variações livres de notas caracterizadoras dos processos individuais à essência desses mesmos processos – livres dos conceitos. No nível empírico, as noesis são atos psicológicos individuais para conhecer um significado independente. No nível transcendental as noesis são atos do sujeito constituinte que cria as noemas enquanto pura idealidades ou significações. Nessa medida, as noesis empíricas são passivas, pois visam uma significação pré-existente; as noesis transcendentais são ativas porque constituem as próprias significações ideais. Essas distinções permitem a Husserl elaborar a noção de ciência como conexão objetiva e ideal de noesis e noemas puros.

3.2 Transcendental – a existência das coisas é colocada em questão
Põe-se entre parênteses a crença na existência das coisas e na existência do mundo natural e de todos os seus correlatos. Por exemplo, o mundo dos seres matemáticos para alcançar o terreno firme da consciência pura em que o seu correlato que é o mundo se transforma em mero objeto intencional.

4. Como Husserl pensa o objeto?
4.1 Fático – Experiência. – O objeto está no mundo e não requer necessariamente a “força” da consciência para lhe dar sentido. É um puro fato.
4.2 Idéia – Intencionalizado pela consciência que através da linguagem explica ou dar o sentido ao objeto.

Referências Bibliográficas
BELLO, Angela Ales. Introdução à fenomenologia. Trad. Jacinta Turolo Garcia. Bauru: EDUSC, 2004.
DEPRAZ, Natalie. Compreender Husserl. Trad. Fábio dos Santos. Petrópolis: Vozes, 2007
HUISMAN, Denis. História do existencialismo. Trad. Maria Leonor Loureiro. Bauru: Edusc, 2001.
HUSSERL, Edmund. A Idéia da Fenomenologia. Lisboa: Edições 70, 1986.
____. La crisis de las ciências europeas y la fenomenología transcendental. Barcelona, España: Crítica, 1991
MURALT, André de. A metafísica do fenômeno. Trad. Paula Martins. São Paulo: Editora 34, 1998.
NATANSON, Maurice. Phenomenology and the Social Science. Volume 1.São Paulo: Natanson: Phenomenology and the Social Sciences.

Por Carlos Henrique Carvalho

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A flor despedaçada


Acusaram-na de crimes nunca cometidos,
E os erros assassinaram a esperança,
Na crença de um dia puro, sem temores,
Não há quem não sinta o gosto da chuva.

Não tarda que logo sentirei a falta,
De quem acompanhava a vida sem desespero,
E num grandioso gesto de loucura (o eterno),
Paira distante do mundo, a flor despedaçada.

Pior que a solidão da flor abandonada,
Foi o desprezo daqueles que a acusaram,
Cegos pela não intenção de louvar o mal,
Mas pelas palavras conhece-se o peso da pedra.

Deixa de existir vestígio da doce aurora,
Já que a flor abandonada chorou e se foi agora.
Então se perdemos nos caminhos que um dia foi um só
E triste vivemos a esperança de um novo amanhecer.

Por Carlos Henrique Carvalho

domingo, 9 de agosto de 2009

Cenas burlescas no senado



Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.
(Eça de Queirós - 1845-1900 - Escritor português)

E o senado brasileiro prova mais uma vez porque virou uma verdadeira bodega, com todo respeito ao Serginho, dono da bodega aqui perto de casa. A decepção vem se tornando fato capital a cada momento que se descobre sujeiras debaixo do tapete sujo, cujo nome carrega a capital do Brasil. Quase tudo de podre e ruim que acontece no país passa pelo senado. Mas não estou escrevendo simplesmente sobre escândalos, mas desordens generalizadas, farras homéricas como as que acontecem na casa da mãe Joana. Quem já foi numa dessa casa percebe a perda de sentido em acreditar que se vive num lugar que respeitam os outros.

Cada povo tem o sistema político que merece. O brasileiro já se acostumou com figuras políticas nefastas, que certamente no próximo ano irão se eleger pela enésima vez, mesmo sem ter gasto uma única gota do seu suor na luta pelos direitos de alguma coisa que não seja a da própria causa. Aliás, legislar em causa própria sempre foi projeto de vida comum nos espaços políticos, sobretudo, naqueles onde a verba corre ainda mais solta.

Num espaço político presidindo por um sujeito com as mãos mais sujas que pau de galinheiro e mais oitenta adeptos da prática da malversação da verba pública seria estranho esperar algo de bom vindo daquelas bandas. Pode até ser que alguns deles não estejam surrupiando a nação às cegas, mas no instante em que toma conhecimento que o colega astucioso praticou a rapinagem deveria ter a vergonha na cara e denunciar, não ficar fazendo jogo duplo e votar secretamente praticando o ato da ignomínia: o corporativismo politico criminoso.

Afinal, lad.. ops, político que protege o outro também tem que ser cassado. Contudo, enquanto isso o cidadão continua fingindo ignorar as constantes cenas burlescas proporcionadas pelos homens de gravatas.

Por Carlos Henrique Carvalho

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Viva o rei do baião - Luís Gonzaga



"Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para eu voltar pro meu sertão" (Luiz Gonzaga - Asa branca)

Ontem, 2 de agosto fez vinte anos sem a presença marcante do rei do baião, Luís Gonzaga, autor de "Asa Branca" uma das músicas mais conhecidas no Brasil, Consagrando, o baião como um estilo musical popular no nordeste e quiçá no país.

Nesse sentido, o blog presta uma singela homenagem ao grande divulgador da cultura nordestina e aproveita para avisar a todos que desejam conhecer mais sobre ele, que existe um site repleto de novidades sobre a vida, a discografia e a produtividade musical de Luis Gonzaga.

http://www.luizluagonzaga.com.br/

Por Carlos Henrique Carvalho