segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Um excelente 2008



Ao caminhar por aí


Um dia ao caminhar por aí,
Me deparei com o teu olhar
E logo senti o furor que emana da paixão.

Mas este longo caminhar,
Se tornou uma luta para chegar a você
E sem medo dizer o que pulsa no meu peito.

Tão difícil é quando estou longe desse olhar
Vivo sufocado pela imensa saudade,
Ainda mais porque você não sabe quem te escreve.

Mesmo assim um dia ao descobrir estas palavras,
Singelas, laboriosas e sublimes,
Saiba que aquele sempre te escreve,

É o mesmo que te ama.


Escrito em meados de 1998 e reescrito em set. de 2007 por Carlos Henrique Carvalho.

domingo, 30 de dezembro de 2007

A (in) segurança pública Ronda o Quarteirão



Caros amigos,

Dando continuidade ao artigo anterior na qual foi dada ênfase ao problema da violência, este, de fato, tem sido apontado pelos indicadores sociais como o problema mais presente na vida das pessoas. O exagerado e o real crescimento da criminalidade deram ao Governo do Estado do Ceará forte motivo de preocupação quanto se busca dar combate ao problema de gravidade assustadora.
Na tentativa crucial de reverter ou minimizar o quadro vigente, o Governo acena a todos nós com um grandioso projeto: a Ronda do Quarteirão. Mostrado através da Mídia os investimentos em equipamentos sofisticados de segurança (armamentos, transportes equipados com novidades tecnológicas, etc), a Ronda do Quarteirão começa a circular pela cidade de Fortaleza e Região Metropolitana chamando atenção mais pela beleza do que pela eficiência. Afora os gastos exorbitantes com este projeto, não há nada que minimize o seu bom valor técnico, com exceção, por um singela questão: entre o dizer e o fazer existe uma diferença abissal e, nesse caso, o Governo ainda está na fase do “bla bla bla e do disse me disse”, em suma, muita conversa e pouca ação.
No entanto, isso não quer dizer que o projeto fundamental para a segurança pública no Ceará se anuncie como fracassado. Ao contrário, quem conheceu de perto a proposta do Governo Cid Gomes acredita que tecnicamente a Ronda do Quarteirão é um projeto bem elaborado. O grande problema se torna perceptível na execução ou burocracia que ao criar empecilhos, emperra, seja na ação efetiva da polícia, seja na tentativa de unir sociedade e Estado por uma mesma causa: a da redução da criminalidade.
Nesse caso, confesso ser cedo para fazer um julgamento detalhado sobre resultados concretos, mesmo porque ainda não existem. Ainda que a onda de violência venha impregnando o Estado do Ceará de maneira assombrosa é necessário ter ciência de que a insegurança somente será minimizada se por um lado a burocracia política parar de emperrar o trabalho de pessoas comprometidas com a causa pública e, por outro lado, a sociedade formalizar um comprometimento com o Estado em apoiar causas sérias de combate a violência, sem a preocupação do Governo em mostrar imagens apelativas de um trabalho que ainda não foi realizado.

PS; Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o projeto Ronda do Quarteirão (principal promessa de campanha do atual Governo do Estado do Ceará) basta acessar o site da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS): http://www.seguranca.ce.gov.br/index2.jsp e tirar suas dúvidas. Ao mesmo tempo, gostaria de convidar a todos para comentarem sem pudor ou medo de expor suas opiniões sobre a gravidade das questões comentadas.

Um forte abraço a todos e que em 2008 tenhamos menos insegurança ao sair de casa.

Carlos Henrique Carvalho

sábado, 29 de dezembro de 2007

Estado sem postura: sociedade insegura.


Caros amigos,

Falar de segurança pública é bater novamente na mesma tecla sem chegar a lugar algum do ponto de vista prático. Há muito se foi o tempo em que podíamos sair de casa com a plena certeza de voltarmos salvos. Hoje, a realidade vem mostrando-se cada vez mais dolorosa, diante do assombro que sentimos perante a violência presente em nosso cotidiano.
O Estado em seu sagrado dever de maximizar a segurança do cidadão, se oculta inaceitavelmente em proteger quem lhe dar sentido existencial: a sociedade. No instante em que a violência cresceu assustadoramente, sentimos na alma, a dor de uma convivência mundana, que em definitivo, enraizou-se na consciência do corpo coletivo, trazendo-lhe insegurança e gerando indignações. Segundo José Vicente da Silva Filho e Nilson Vieira Oliveira na obra Insegurança Pública - Reflexões sobre a criminalidade e a violência urbana, “A violência intensa e continuada tende a difundir na população uma sensação de desproteção e fragilidade, com crescente descrédito na capacidade do estado em controlar a criminalidade, fazendo-a considerar anacrônica, ingênua e inoportuna a invocação de direitos - principalmente dos "bandidos" - e a clamar por mais medidas coercitivas do estado, como o aumento das penas, redução da maioridade penal e simplificação dos mandados de busca. Essa situação favorece discursos e políticas populistas de ênfase a instrumentos e ações repressivas para conter a violência, e costumam encontrar entusiasmada repercussão em áreas influentes do aparato policial que vêem na repressão a principal arma preventiva. Nessas condições, quando se declara a "guerra contra o crime" o estado corre o risco de passar a ser mais um fornecedor de violência, ao invés de controlá-la”.
De fato, é imensurável o crescimento da marginalidade no seio social e o que mais assusta, no entanto, é a inércia de quem mais deveria dar combate a isto: o Estado, através da sua política de segurança pública (por sinal, ineficaz e retrógrada). A polícia infelizmente existe apenas enquanto organismo que cumpre o papel de caricatura daquilo que deveria ser na prática: eficiente no combate a violência.
A crescente onda de violência vem revelando um Estado incapaz de minimizar os seus efeitos, em que pese admitir a criação de políticas públicas neste sentido. Enquanto isso, a sociedade desordenadamente arma-se (a despeito da proibição) do modo que lhe convém, para se salvar do malogro causado por bandidos que obviamente, nada teme e não tem o que perder.
Afinal, no momento de um assalto, onde se encontra a polícia, se a sua função é coibir a violência? Será difícil perceber que deste modo, o Estado vai ao rumo da bancarrota? A intenção destes questionamentos não é fazer apologia negativa, mas tão somente evocar a imensidão de um problema que parece insolúvel de véspera.
Assim, todos ansiamos pela minimização de tão grave problema, já que a solução ora é inviável, o que nos deixa factualmente de mãos atadas e sem escolhas. Mesmo assim, esperamos sempre poder sair de casa para o trabalho ou o lazer, com a certeza de que o Estado cumprirá com o seu sagrado dever e que a dor de sofrer novamente assaltos e atos de violência deixem de nos assustar.

PS: Aguardo comentários críticos, sugestivos e construtivos sobre como podemos entender o problema da violência e buscar a minimização desse mal-estar na sociedade. Será possível? Lanço então o desafio para a discussão. A imagem é uma cena do comentadissimo filme Tropa de Elite e foi extraída do site http://www.oglobo.globo.com.

Abraço a todos.

Carlos Henrique Carvalho

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A caminho da escola



Um dia ao caminhar em direção a escola, deparei-me com uma cena estranha e ao mesmo tempo tão real na vida de muitos homens que pairam sobre a terra: vi um sujeito jogado ao chão sujo e ao seu lado uma lata de lixo. Até ai nada demais diante da situação de um povo que sobrevive num país terceiro-mundista e que todo dia sonha em alcançar status. O fato, absurdo por sinal, é que o tal sujeito comia o lixo com tamanha voracidade que chegava a assustar.
Este acontecimento dramático, por todo o restante do caminho tornou-se dono de minha consciência. Como entender uma situação pela qual eu nunca passei? Simplesmente a voz pode se erguer em discursos e interpretações múltiplas, mas nenhuma resposta explica aquilo que eu vi. Tudo aquilo que eu disser é um vácuo diante do que eu senti tão próximo e doloroso.
Meu caminho em direção a escola perdeu seu rumo diante da constatação de que a realidade é sofrimento. Durante todo o trajeto vi e vivi dores, desesperos, misérias, ainda que indiretamente eu estivesse sendo agredido. Mas quem imagina que ao chegar a escola tudo ficou para trás, engana-se; não pude mais esquecer o que eu havia visto há pouco. E tudo isto me trouxe a certeza do quão distante estamos do sonhado bem-estar, já que a miséria convive tête-à-tête com a nossa parca condição de vida marcada por uma luta estóica e quase sempre perdida.
A verdade é que a memória pôs o caminho no passado. Agora estou entrando na sala de aula e o que vejo diante de mim não é menos cruel do que eu vira no caminho. Os rostos dos jovens alunos muito se assemelham ao do sujeito que comia o lixo. Aliás, vejo um pouco daquele sujeito em cada um de nós: impregnado como corpo e alma. A miséria que estava no caminho, também é visível na escola. O estranho é que demorei pra perceber isto. Mas mesmo assim, não desisto por nada. Ao final de tudo, minha voz se erguerá contra aqueles ousaram sujar o meu caminho.

Carlos Henrique Carvalho

sábado, 22 de dezembro de 2007

O Natal e a lógica do consumismo



Caros amigos,
Não nos espanta mais quando o fim do ano se aproxima. Somos atacados de todas as formas pela mídia voraz e, às vezes, opressiva, que a todo custo tenta nos convencer a gastar nosso suado salário ou extrapolar os limites do cartão de crédito para comprar superfluidades vãs, isto é, presentes, sabem se lá para quê.
Toda a preocupação com a onda consumista desenfreada acaba por trazer à tona o seguinte questionamento: e para onde vai o valor do Natal, com sua simbologia, emblemática, poética e religiosa? Sabemos que a verdadeira ordem simbólica do Natal é o congraçamento cristão embutido no nascimento de Jesus. Dito de um modo simplista, o Natal representa a celebração do nascimento daquele que carregou a cruz e hoje carrega todos os cristãos que professam nele a sua fé. No entanto, a figura pública e religiosa de Jesus Cristo, bem como sua natividade, é de longe a última coisa que as pessoas vêem praticando diante da lógica do capital: a do próprio consumismo desenfreado.
Nesse sentido, os valores simbólicos e poéticos do Natal não passam de mera figuração de retórica para explicitar uma tradição sufocada por um sistema no qual consumir é sempre saudável. Daí que não nos espanta como esse modo de vida vem sempre sobrepujando os valores fundamentais de uma data sumamente importante para os cristãos.
Quando indagado sobre o que significa o natal, creio ter sido sincero sem ponto nem nó ao afirmar que essa data cristã em si não existe, o que é fato, já que o Natal praticado por nós é simplesmente a caricatura de uma festa onde a moda é consumir, consumir e consumir; com isso todos caem na depreciação do valor real do Natal e para onde vão os valores, se é que ainda há? A velha dicotomia entre o ser e o ter continuará sendo repetida sempre para ao final cairmos na mesma constatação de que o ter mantém sua predominância. E o ter nesse caso é a lógica do consumismo.

Carlos Henrique Carvalho

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Corações eternos

Para você, que sabe o porquê.

Ruidoso, meu coração quando perpassa ao te ver,
Mas não teima em disfarçar esse bem querer,
Numa terra distante que chamo de minha,
Retorno lépido porque a saudade assoberba,
E cresce a ponto de tornar minha vida indigna,
Por estar tão longe de ti.

Mas lembro que deixei meu coração contigo,
Quando fui em busca de serenidade perdida,
E você jurou com todas as suas forças,
Cuidar para que quando eu retornasse,
Nossos corações continuassem próximos,
Batendo compassadamente num único ritmo.

Finalmente aprendi o que dizer,
Quando a saudade comigo mexer,
Pois sei que aos teus abraços retornei,
Refazendo os laços que já sabíamos ser inextinguível.
Corações eternos, os nossos, que numa corrente inexorável,
Forma esse mesmo laço que no abraço se faz vida.

Corações eternos, amantes e namorados,
Que nunca deixa escapar a harmonia
Mesmo quando um de nós estar de partida.

Em 24/11/07 – Recife-Pe.

Por que fazer um blog?

Caros amigos,

Antes de iniciar as publicações de textos em seus mais diversos conteúdos e estilos (poéticos, filosóficos, ético - políticos etc.), gostaria de não somente dar as boas vindas àqueles que se predispuserem a ler e acompanhar meus trabalhos nesse blog, bem como justificar porque entrei na chamada "onda dos blogs." Em princípio para os amigos menos próximos pode parecer modismo ou a velha mania de procurar o que fazer, mas se fomos nos ater ao que um blog significa hoje em termo de produção intelectual, isso por si justificaria a necessidade de criar um.
Daí que para quem costuma ter uma produção intelectual intensa, a publicação em blog cai com exatidão no gosto daqueles que necessitam publicar um texto ou uma idéia. Por outro lado, é vital reconhecer que o blog é um símbolo imprescindível da web 2.0 na qual o usuário deixa de ser um simples leitor para se tornar gerador de conteúdo ou mesmo criador de novidades.
Assim, aliado a uma série de fatores positivos como a acessibilidade ou ainda a facilidade com que se torna possível termo acesso as informações de qualquer proveniência, a dinamicidade e a dimensão prática, a exposição de trabalhos em blog tem sempre algo a acrescentar no processo de maturação daqueles que se mostram interessados em expor o que pensa.
Nesse sentido, convido a todos para se tornarem parte presente desse trabalho que se inicia e espero render bem mais do que simples idéias.

Ps: Não poderia deixar de frisar a importante contribuição do amigo Rubens Sampaio no auxilio à construção desse blog.

A todos, sejam bem-vindos com suas críticas e sugestões.