quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Chuvas sem fim em Santa Catarina



Até o presente momento a Defesa Civil do Estado de Santa Catarina informa que as chuvas já causaram 99 mortes e afetaram mais de 1,5 milhão de habitantes no Estado. Até as 21h50, 19 pessoas estavam desaparecidas e 78.707 estavam desalojadas ou desabrigadas. É possível ver no site o nome das pessoas que faleceram em virtude da força da natureza.

Doze municípios estão em situação de calamidade pública, segundo decreto assinado na quarta-feira pelo governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira. São eles: Benedito Novo, Blumenau, Brusque, Camboriú, Gaspar, llhota, Itajaí, Itapoá, Luiz Alves, Nova Trento, Rio dos Cedros e Rodeio. Nesta quinta-feira o governo decretou luto de três dias.

Ainda segundo o site, a tendência são que as intensas chuvas continuem caindo no fim de semana nestes municípios.


Para saber mais veja em:
http://www.defesacivil.sc.gov.br/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

Carlos Henrique Carvalho

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A procura do ser do homem II


As meras ciências de fato criam meros homens de fato. A revolução do comportamento geral do público foi inevitável, especialmente depois da guerra, e sabemos que na geração mais recente ela se transformou até em um estado de espírito hostil. Na miséria de nossa vida –ouve-se dizer– esta ciência nada tem a dizer-nos. Ela exclui de princípio justamente os problemas que são os mais perturbadores do homem, o qual, em nossos tempos atormentados, sente-se entregue ao sabor do destino: os problemas do sentido e do não-sentido [absurdo] da existência humana em seu conjunto… [Edmund Husserl, em A crise da ciência européia e a fenomenologia transcendental, v. 1]

A temática deste texto não obstante implicar uma complexidade natural quando se trata de compreender o pensamento e o método de um autor como Edmund Husserl, implica também a dificuldade de entender o que é o homem e em que sentido é possível conhece-lo, compreende-lo, vivenciá-lo. Sabemos que Husserl, fundador do método fenomenológico nos fornece muitas questões sobre o problema do homem no mundo ou dito numa linguagem formal, do problema do sujeito e sua relação com a existência.

No entanto, apesar de tudo, não temos a solução do problema. De fato, o homem é um ser que continua em permanente estado de buscar a si mesmo, pois não reside nele, uma unidade sintética capaz de defini-lo como um fundamento que determina suas razões, sua natureza e suas ações.

A fenomenologia como método de pesquisa surge com uma forte crítica a modernidade e a ciência quando esta percebeu o sintoma de desorientação e perda de sentido. Então era preciso encontrar uma solução para esta situação. Os contemporâneos acreditam que é impossível pensar a vida humana e social e uma conseqüente criação de sentido sem afirmar que é inalienável à vida, o trágico (consciência de mortalidade, de limitação, de perda, de limite, de finitude).

Por sua vez, molda seu pensamento como uma reação à psicologia e ao positivismo que esqueceu de postular a vida enquanto tal ao propor uma idealização de mundo que não abarca a amplitude de nossa existência. Para termos uma idéia mais clara do que digo, basta pegarmos o lema da bandeira nacional brasileira – Ordem e progresso – e fazer o seguinte questionamento; vivemos realmente numa nação que otimiza um progresso no bem-estar do seu povo? O que vemos no nosso país é realmente o que esperávamos? Quando nos deparamos com a situação de miserabilidade e falta de um bem-estar, tomamos a noção do quão distante estamos de comungar a tese da ordem e do progresso.

Mas o que nos interessa mesmo é entender o fio condutor da questão – o ser do homem –e para isso é necessário recorrer a um aspecto revelador da fenomenologia no seu caráter de conhecedora da realidade: a contingência. O que vem a ser precisamente esta? Uma primeira resposta, parcial, diga-se de passagem, interpreta a contingência como o mundo vivido, o exterior, sobre o qual os fatos se dão e de onde emerge o homem como corpo e consciência. Então, o ser que busca no homem pode ser entendido – não necessariamente encontrado - por suas relações situadas no feixe social, cultural ou mesmo indeterminadas isto é, construídas ao longo da existência.

Mas que homem é este que tanto procuramos e não o encontramos, senão por meio do seu corpo no mundo? Será o homem um ser real? Aliás, a que corresponde à realidade? A idéia de uma coisa, a coisa enquanto tal ou ambas são marcadas por uma correlação inextrincável? É exatamente aí que se insere o projeto de Husserl para a compreensão do universo humano, isto é a condição humana.

Para tanto, a fenomenologia se transforma numa espécie de método que faz a mediação entre o sujeito e o objeto ou, dizendo de outro modo, entre o eu e a coisa. Quando tomamos o sujeito como pólo centralizador da compreensão do mundo vivido. Assim, a fenomenologia é uma descrição da estrutura específica do fenômeno , aparecendo como condição de possibilidade do conhecimento na medida em que a consciência constitui as significações no nível da apreensão empírica ou da constituição transcendental dos objetos. De fato, o projeto fenomenológico husserliano depende de que se compreenda também como o filósofo apresenta a estrutura da consciência enquanto intencionalidade. Este conceito oriundo da filosofia medieval significa dirigir-se para, visar alguma coisa .

O que podemos dizer sobre a intencionalidade? Quando uma coisa é intencional? Quando agimos de propósito? Quando temos consciência do que fazemos? Quando queremos ou desejamos qualquer coisa que não temos? Quando percebemos a distância entre nossos sonhos e a realidade que nos cerca?

A consciência é intencional significa que “toda consciência é consciência de“. Logo, a consciência não é uma substância (alma), mas uma atividade constituída por atos (percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc), com as quais visa algo. Assim, a consciência não é mais uma essência ou uma entidade, independente e abstrata, mas é seu próprio “conteúdo” que a funda. Em suas Investigações lógicas, Husserl deixava claro que “na percepção algo é percebido, na imaginação algo é imaginado, na enunciação algo é enunciado, no ódio algo é odiado, no desejo algo é desejado, etc.”. A afirmação de que a consciência não percebe no vazio, mas sempre a partir de alguma coisa corresponde a uma definição mais precisa desta como perspectiva. Perceber é ter uma intenção.

Nesse sentido, o ser do homem busca uma conexão relacional entre o que deseja e o que vive de fato. Mas sabemos que quase sempre a busca pelo o que desejamos é frustrada pela nossa desorientação diante do mundo. São tantas coisas a serem desejadas que perdemos a noção do que queremos para si. Então passamos a tomar tudo que estiver ao nosso alcance visando superar a nossa inexorável falta constitutiva, isto é, a carência, seja na ordem, da materialidade, seja na ordem da afetividade. Pois, o homem é um ser que convive constantemente com esse vazio de ser o que não é e buscar o que supostamente possa suprir essa falta. Logo, a intensidade entre o que desejamos ser e o que conseguimos ter nos conduz a uma busca sem trégua de si mesmo não como sujeito reais que assume na escolha livre a sua posição no mundo, mas como pessoa inserida num plano social-cultural seguidoras de regras próprias do sistema em que vive.

É precisamente a isso que a fenomenologia vai se contrapor. Ao tomar noção de que os problemas precisam ser vivenciados e encarados na sua realidade, ela se estabelece como método que ressalta a importância de tomar uma postura que possibilite a compreensão dos problemas, ainda que como já dito, sem a garantia de resolvê-los. O sujeito então, responsável e ciente da sua contingência, suspende ou coloca entre parênteses todo e qualquer tipo de juízo acerca daquilo que o reduz ao “ter”. Para isso, Husserl propõe a tese da redução fenomenológica que se trata de uma conversão do olhar que nos permite chegar ao objeto vivendo-o segundo seu sentido para nós, segundo o valor que lhe atribuímos e sobre o qual não negamos nossa responsabilidade.

Sem dúvida, é fundamentalmente necessário se quisermos entender porque buscamos tanto nosso ser no mundo e não o encontramos que se rejeite a imposição de qualquer sistema; para que se tenha acesso à realidade das coisas, fenômenos de modo que possa submetê-lo a si próprio.

Enquanto isso, a pergunta “o que é ser verdadeiramente homem?” permanece irrespondível, pois o homem é antes de tudo, um ser em aberto, em permanente processo de descobertas de si mesmo, do mundo e de tudo o que o cerca. Assim, a fenomenologia tece uma contribuição fundamental para este entendimento, já que por propor uma descrição direta da experiência tal como ela é; por demonstrar como a realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado e, também, que existem tantas realidades quantas forem suas interpretações e comunicações. Todavia, estamos no limiar de um projeto que se converte na procura pelo ser do homem a cada momento, a cada acontecimento, a cada ruptura que o homem provoca nessa busca incessante pela sua existência, como um projeto incompleto e inacabado de si mesmo.

Imagem: Gilbert Garcin. Identité.]

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um libelo à saudade



Acuso sem dó esta saudade,
Pois meu coração agoniza sem você,
Esses olhos não cessam de procurar,
Tua presença intensa na multidão.

Culpo somente esta saudade,
Pois eis que nunca te encontro,
E a saudade quase me mata.
Vivo a esmo sufocado, mas não morro.

Julgo esta saudade infame,
Que martiriza o pobre coração agonizado,
Ao lembrar os teus carinhos na face,
e dos loucos beijos numa noite acalorada.

Condeno esta saudade que é um mal.
Porque longe de você esqueci como viver,
Mas se esta saudade não é piedosa,
Por que sem meu amor serei condescendente?

Carlos Henrique Carvalho

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A política estadunindense e os rumos no mundo


"O charme da história e sua lição enigmática consiste no fato de que, de tempos em tempos, nada muda e mesmo assim tudo é completamente diferente". (Aldous Huxley)

Vivenciamos por alguns meses, as eleições mais barulhentas e dispendiosas dos EUA, culminando com a vitória do candidato democrata, por sinal, o primeiro negro eleito para comandar o país mais odiado do mundo. O circo polítco montado na América do norte seduziu o povo de lá e deu a Barack Obama a responsabilidade de conduzir uma nação em constante conflito com o restante do planeta. Lider do Conselho de Segurança da ONU composto pelos 5 países (EUA, China, França, Reino Unido e Russia) que mais compram e fabricam armamentos militares mais 10 membros rotativos com direito a participação no Conselho por 2 anos.
Só para inteirar os leitores, a política dos EUA é distinta da política praticada no país tupiniquim, isto é, nosso Brasil. Enquanto por aqui prolferam partidos de todas as espécies, por lá, ou se é democrata (menos conservador) ou se é republicano(muito conservador).
Mas independente ou não dessa onda chamada Obama, a situação do mundo continua em permanente caos e e os EUA não deixarão de ser o país mais odiado do mundo. De fato, a grande parte dos países do planeta que mantém uma relação de ódio com os EUA são precisamente aqueles que mais sofreram imposições e agressões infindáveis. No centro das atenções destaco os países de cultura muçulmana que sempre mantiveram relações complicadas com os países ocidentais, mormente, os que atuam na base da força e da violência como faz a nação estadunindese.
Acredito que a eleição de um negro num país tradicionalmente racista não virá a contribuir para a minimização do mal-estar no mundo, embora, em princípio, possa parecer que haverá uma mudança no panorama das relações dos EUA com os países tradicionalmente contrário a forma de fazer política desta nação.
Minha profunda preocupação com os rumos da política que os EUA pretendem adotar daqui em diante fará sentido caso venha a ferir a soberania dos países sul-americanos com a usurpação de terras e riquezas vegetais brasileiras ou as riquezas minerais e petrolíferas venezuelana. Enquanto isso, o mundo fica preocupado com o que poderá ocorrer nos próximos anos em vista das ações que os EUA perpetrarão.
No mais, o tempo e as ações dirão se tal eleição foi ou não positiva para o mundo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A procura do ser do homem



"O que seria de uma consciência se não houvesse outra com a qual dividir seus anseios, suas dores e alegrias?"

As experiências formam o espaço da construção da maturidade e do saber do homem. Não podemos assumir a pretensão de conhecer nem nos arrogar ao direito de saber senão tivermos antes de qualquer coisa, a evidência do que sentimos, vivemos e construimos ao longo da existência.
No que eu quero pensar?
Do que preciso para viver?
O que me resta lutar ou esperar?
Aonde posso encontrar o que tanto busco?
Essas indagações se manifestam sempre a cada momento que descubro o turbilhão de idéias que povoam a consciência. Não há como atenuar o encontro com o complexo e o desconhecido. Assumir uma postura trágica da vida é também admitir que a realidade não é flor que se cheire. É uma obscuridade entre tantas dores e crises sem fim.
No mundo falta espaço para respirar, não há mais por onde caminhar sem tropeçar nos cadafalsos do fracasso. Afinal, há uma realidade ou sentidos de mundo que as consciências atribuem ao que acham mais conveniente?
Continuo na procura do ser do homem...

Escrito e postado em Sobral no dia 03/11/08