terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Uma crítica ao sistema educacional brasileiro



Em se tratando de sistema educacional brasileiro, afirmamos coerentemente que o princípio que rege sua concepção metodológica está fundado na pedagogia tradicional, o que por extensão, implica na centralização do professor como um instrumento de regência e “construção” de conhecimento a ser assimilado pelo aluno. Este se comporta como um ser passivo tanto a priori quanto a posteriori, tendo como mérito, ser um simples reprodutor ou repetidor das informações que lhe são repassadas.
Sem dúvida, o principal dispositivo de transmissão de conhecimento do professor é a palavra, aonde através de exposição oral, ele vai interpretando à sua maneira, o conjunto de regras que regulam o ensino. Não é fácil suportar a idéia de que o aluno enquanto simples reprodutor dos mecanismos de dominação sejam forçados a está à mercê de sua realidade concreta. É inconcebível que um estudante que se encontra no (des)nível fundamental e médio aprenda que o conhecimento e os valores sociais repassados a si, seja uma verdade absoluta.
Mas o que interessa é perceber que a relação professor e aluno pode ser também entendida como autonomia versus passividade, ou seja, o caráter do ensino do professor assume-se como uma autonomia frente a mera atitude receptiva por parte do aluno, que em momento algum concebe qualquer discordância acerca do que é dito em sala de aula. No entanto, o maior problema do modelo de pedagogia tradicional é justamente a visível dissociação entre teoria e prática, entre o escrever e o fazer.
A partir do instante em que um aluno passa a ser colocado num modelo idealizado de homem, que se encontra aquém e além de sua real concreticidade, toda a prática pedagógica passa a ser falsa, dissimulada e perde o seu verdadeiro sentido: o de inserir o aluno no mundo como um sujeito ativo da transformação social. O que aparenta não ter muita importância para os estudiosos desta questão, toma uma real dimensão quando se trata de aprofundar a síntese de um pretenso projeto que combata entre outros métodos da pedagogia tradicional brasileira, os mecanismos de repetição de exercícios, as provas reguladas e a famigerada lista de freqüência, conhecida como chamada.
Percebe-se facilmente que os métodos de uso desta pedagogia, só tem contribuído negativamente na formação de valores, afinal, em que momento o aluno vai assimilar criticamente os conteúdos repetitivos? E desde quando, forçar um aluno a freqüentar as aulas, vai fazer compreendê-lo a sua realidade e torná-lo capaz de edificar algo concreto? Assim, a tendência é sempre formar um ser alienado diante da própria capacidade de criar algo. Desde então, a ineficiência do modelo pedagógico tradicional, torna os métodos despóticos no sentido de controlar a educação do aluno e faz nos entender que o conhecimento, vital na construção da cidadania de um sujeito ciente de sua condição social, não passa de uma quimera.

Ps: Artigo publicado no Jornal O estado no dia 27/12/2004

Nenhum comentário: