terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A leitura e o gênio inventivo ou de como o hábito de ler transforma pessoas comuns em sujeitos críticos.


Distante de toda tentativa de impor uma linguagem formal e academicista (mal de formação), exponho de maneira sutil e breve como o exercício constante da leitura transforma a mente. Isso me recorda os bons tempos do colégio quando um determinado professor nos dizia que o hábito da leitura provocava “estragos”. Passada toda a juventude e prestes a entrar na casa do amadurecimento, constatei o quanto as sábias palavras proferidas pelo Mestre faziam sentido.
Evidente que não posso de modo algum pôr a leitura no mesmo patamar de uma necessidade como, por exemplo, se alimentar ou ingerir água, posto que falo de atividades humanas diferenciadas: a leitura constitui-se atividade de foro subjetivo e intelectivo, isto é, aquilo que acresce ao espírito humano uma dimensão ampla sobre a existência e tudo o que diz respeito ao humano e, as vezes, inumano. Contrariamente, o ato de se alimentar ou ingerir água fazem parte da esfera fisiológica e orgânica, fundamental para a manutenção da existência do sujeito.
Ocorre que sem a leitura, o sujeito viverá sem a capacidade de buscar uma completude, já que corpo e mente compõem uma unidade que chamamos de ser humano. Daí porque defendo nesse argumento a necessidade real da leitura como princípio desenvolvimentista da humanidade no que se refere à transposição de um estado alienado para um estado crítico.
De fato, a leitura é primordial ao desenvolvimento intelectual e no envolver da criatividade humana, aquilo que denominei em tempos remotos de “gênio inventivo”, que por hora me eximirei de detalhar seu significado. Mas o que quero realçar, muitos já o fizeram afirmando que a leitura além de proporcionar a informação (necessária a qualquer senso comum), o compartilhamento do conhecimento (criando uma ponte para a superação de um estado alienado para um estado crítico) e a capacidade de protagonizar-se como sujeito ativo nos problemas do mundo. Poeticamente, a leitura “dar asas a imaginação”, deixando a fluir no espírito do ato criador do sujeito.
Assim, diante de breve constatação, posso até admitir que viver sem a leitura seja possível, porém cada vez que nos distanciamos de um livro mais nossa existência carece de sentido. Por isso, creio que é preciso manter a chama da leitura sempre acessa, dando-lhe importância na mesma medida do ato de respirar. Sem exageros nem arroubos.

Por Carlos Henrique Carvalho.

Ps: Convido a todos para sugerirem críticas e discussões sobre a problemática da leitura.
Ps2: Imagem de Gustave Coubert, jovem Mulher a Ler, 1866-1868

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