sábado, 26 de janeiro de 2008

O assassinato da Amazônia



Que o desmatamento de florestas sempre foi uma prática humana comum, isso ninguém contesta. O fato é que poucos acreditam realmente que a cada dia que passa o Planeta diminui sua área verde, fundamental para a manutenção da vida. No caso do Brasil, esta área verde também conhecida como o pulmão do mundo, a floresta amazônica, vem a cada dia perdendo boa parte de sua exuberante área, trazendo angustias ante o futuro tenebroso.
No entanto, o que mais dar raiva é ver políticos batendo boca na mídia, uns acusando os outros de negligências, enquanto inúmeras arvores estão sendo queimadas e eles mesmos tratam de se livrar da culpa. Ora, andei procurando motivos para acreditar que a falta de ação política vem contribuindo para esse quadro preocupante de degradação das matas brasileiras e eis que tomo conhecimento de que as facilidades de crédito dadas pelo Governo aos pecuaristas vêm ajudando bastante nas queimadas.
Dito de um modo mais realista seria como se o governo estivesse pagando algumas pessoas para cortarem arvores, queimarem matas de modo “legalizado”, isto é, um estrondoso crime com a cobertura dos órgãos governistas. Mas quem ainda não percebeu do que estou falando, basta procurar informações sobre o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) ou sobre bancos que emprestam dinheiro a pecuaristas e perceberemos a finalidade da aplicação dos recursos na destruição das florestas.
Nesse sentido, vejo sempre a ótica de mercado se sobrepondo a do bem-estar. Os males causados tanto pelo consumismo desenfreado quanto pelo desinteresse às causas “Verde” vai fazendo com que o título deste artigo se torne realidade. Segundo o alerta dado novamente pelo Greenpeace (http://www.greenpeace.org/brasil/), “A retomada da destruição da floresta está ligada ao aumento dos preços internacionais de soja, milho e carne e à falta de adoção de medidas estruturantes para neutralizar a expansão da fronteira agrícola sobre a Amazônia, previstas no Plano Nacional de Controle e Combate ao Desmatamento do governo Lula. Em vez disso, medidas adotadas pelo próprio governo – como a descentralização da fiscalização sem que estados estivessem aparelhados para tal e a ampliação de assentamentos em áreas de florestas – ajudaram atiçar uma fogueira acesa pela pressão econômica”.
Assim, o quadro que se anuncia é cada vez mais desolador ante um crime cujo ato cruel e desumano requer de imediato medidas concretas de contenção e minimização do mal estar. Não sei o que acontecerá com a Amazônia amanhã, mas tenho consciência de que a cada arvore destruida um sopro de nossa vida vai junto. Ainda assim, não posso reduzir esse texto em lamentações. É preciso agir e lutar na intenção de evitar o pior.

PS: A imagem é Copyright do Greenpeace.
PS2: Entre agosto de 2000 e agosto de 2005, a área total de desmatamento na Amazônia foi equivalente a metade da superfície do Estado de São Paulo. O dados são do Greenpeace.


Carlos Henrique Carvalho

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