quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A estrada da vida


Eu vi uma estrada bonita, grande, longa e, sobretudo, brilhante. Andei por esta estrada, no decorrer de minhas andanças, vi uma luz. Era uma luz muito forte, brilhava intensamente e jamais se apagava. Tentei fechar os olhos para constatar se era um sonho, mas não era. Então, caminhei lentamente procurando descobrir novas coisas e sem mais nem menos, essa luz foi crescendo, envolvendo-me completamente até me levar a uma outra estrada.
Esta estrada brilhava mais ainda e o seu brilho afogava todas as mágoas que um dia tive. Andei muito, até que bem no meio do caminho encontrei uma pedra. Deus! “Tinha uma pedra no meio do caminho”. Abaixei-me, peguei esta pedra e neste instante passei a lembrar de tudo o que havia feito na vida. Logo então, guardei a pedra, certo de que tinha achado o objeto primordial de minha vida. Continuei caminhando tranquilamente, tentando descobrir novas artes, novas vidas, enfim, novas coisas.
O tempo passava e eu seguia sempre em frente diante da grande estrada, com o seu brilho estonteante e expressivo. Caminhei com a certeza de que iria descobrir algo de bom, cheguei a certa parte da estrada que quase me cegou os olhos com a sua claridade assustadora. Vi, pensei, achei, mas não agi. Deixei-me dominar pela exuberante claridade e cai pesadamente, desmaiando em seguida. Ao acordar vi-me perdido. A luz que antes brilhava agora estava apagada. Desesperei-me, pois não sabia o que fazer, mesmo assim, continuei caminhando em frente na certeza de que tudo iria brilhar novamente. A estrada que antes era bonita, grande, longa e brilhante, tinha se tornado feia, pequena e escura, embora ainda fosse longa. Andei muito até que percebi algo por demais estranho, como se estivesse passando-me um aviso e logo me preocupei com este aviso, talvez fosse o sinal de que aquela triste situação iria voltar ao normal. Caminhei lentamente por aquela triste estrada.
No decorrer desta estrada encontrei-me com outro objeto bem maior, mas brilhante por sinal. Então, descobri que havia chegado ao meu destino. Toquei neste objeto símil à pedra e de repente, toda a luz voltou. Alegre e emocionado, fiquei assim por haver cumprido minha sina. Continuei caminhando pela estrada, antes clara depois escura, mas que agora estava clara para sempre. E com a certeza de ter cumprido bem o meu destino, continuei a caminhar em frente com a luz que me guiava, procurando a partir daí um outro sentido para a vida, o caminho de Deus.

Carlos Henrique Carvalho

PS: Conto escrito em novembro de 1995 e publicado no Jornal O Povo em 2 de Janeiro de 2005.
PS: A imagem tem como título "France" de Elliott Erwitt.

Um comentário:

Paula disse...

Gostei muito gostaria que colocasse mais como esse para gente refletir.