sábado, 29 de dezembro de 2007

Estado sem postura: sociedade insegura.


Caros amigos,

Falar de segurança pública é bater novamente na mesma tecla sem chegar a lugar algum do ponto de vista prático. Há muito se foi o tempo em que podíamos sair de casa com a plena certeza de voltarmos salvos. Hoje, a realidade vem mostrando-se cada vez mais dolorosa, diante do assombro que sentimos perante a violência presente em nosso cotidiano.
O Estado em seu sagrado dever de maximizar a segurança do cidadão, se oculta inaceitavelmente em proteger quem lhe dar sentido existencial: a sociedade. No instante em que a violência cresceu assustadoramente, sentimos na alma, a dor de uma convivência mundana, que em definitivo, enraizou-se na consciência do corpo coletivo, trazendo-lhe insegurança e gerando indignações. Segundo José Vicente da Silva Filho e Nilson Vieira Oliveira na obra Insegurança Pública - Reflexões sobre a criminalidade e a violência urbana, “A violência intensa e continuada tende a difundir na população uma sensação de desproteção e fragilidade, com crescente descrédito na capacidade do estado em controlar a criminalidade, fazendo-a considerar anacrônica, ingênua e inoportuna a invocação de direitos - principalmente dos "bandidos" - e a clamar por mais medidas coercitivas do estado, como o aumento das penas, redução da maioridade penal e simplificação dos mandados de busca. Essa situação favorece discursos e políticas populistas de ênfase a instrumentos e ações repressivas para conter a violência, e costumam encontrar entusiasmada repercussão em áreas influentes do aparato policial que vêem na repressão a principal arma preventiva. Nessas condições, quando se declara a "guerra contra o crime" o estado corre o risco de passar a ser mais um fornecedor de violência, ao invés de controlá-la”.
De fato, é imensurável o crescimento da marginalidade no seio social e o que mais assusta, no entanto, é a inércia de quem mais deveria dar combate a isto: o Estado, através da sua política de segurança pública (por sinal, ineficaz e retrógrada). A polícia infelizmente existe apenas enquanto organismo que cumpre o papel de caricatura daquilo que deveria ser na prática: eficiente no combate a violência.
A crescente onda de violência vem revelando um Estado incapaz de minimizar os seus efeitos, em que pese admitir a criação de políticas públicas neste sentido. Enquanto isso, a sociedade desordenadamente arma-se (a despeito da proibição) do modo que lhe convém, para se salvar do malogro causado por bandidos que obviamente, nada teme e não tem o que perder.
Afinal, no momento de um assalto, onde se encontra a polícia, se a sua função é coibir a violência? Será difícil perceber que deste modo, o Estado vai ao rumo da bancarrota? A intenção destes questionamentos não é fazer apologia negativa, mas tão somente evocar a imensidão de um problema que parece insolúvel de véspera.
Assim, todos ansiamos pela minimização de tão grave problema, já que a solução ora é inviável, o que nos deixa factualmente de mãos atadas e sem escolhas. Mesmo assim, esperamos sempre poder sair de casa para o trabalho ou o lazer, com a certeza de que o Estado cumprirá com o seu sagrado dever e que a dor de sofrer novamente assaltos e atos de violência deixem de nos assustar.

PS: Aguardo comentários críticos, sugestivos e construtivos sobre como podemos entender o problema da violência e buscar a minimização desse mal-estar na sociedade. Será possível? Lanço então o desafio para a discussão. A imagem é uma cena do comentadissimo filme Tropa de Elite e foi extraída do site http://www.oglobo.globo.com.

Abraço a todos.

Carlos Henrique Carvalho

2 comentários:

Anônimo disse...

ótimo artigo. Hj vivemos numa grande prisão, sair de kza naum eh mais seguro e muitas vezes estar em kza tbm acaba naum sendo. Qnt ao filme mostra a violência sendo combatida com repressão, mas hoje os tempos saum outros, acredito que a política em relação a segurança está muito falha e a cada dia as coisas pioram pro lado do cidadão de bem. Mas infelizmente essa eh a nossa realidade.

Paula disse...

E a nossa realidande pois quase todos os dias nos deparamos com isso .