sábado, 29 de março de 2008

O amor passional e nada mais



"Haverá isso em minha vida, ter amado alguém com todas as minhas forças, apenas dentro de mim, sem que isso tenha se tornado passional ou extraordinário". (Jean-Paul Sartre).

A idéia do amor passional, cantada em verso e prosa por Shakespeare, explica porque o coração rompe às rédeas curtas da razão. No amor passional, as pessoas desconhecem o que se passam consigo; simplesmente sentem transbordar o coração de sentimentos, como um Romeu que esquece sua condição social burguesa e contra tudo e todos, ama além do imaginável àquela que deveria ser motivo de sua indiferença. Mas o fato é que o amor consegue superar a condição inicial de inimizade existente entre as famílias dos dois amantes (Romeu e Julieta), sem, no entanto, ser capaz de evitar a tragédia de ver a morte imperar. Essa história do amor passional gerou mil e uma histórias e teses.
Numa dessas teses, cientistas descobriram a parte do cérebro responsável pelo amor e ao mesmo tempo chegaram a uma conclusão que a filosofia platônica já houvera explicado: que a dinâmica da paixão é semelhante a da sede ou da fome. Para Platão, na obra “O banquete”, o amor é a única coisa que se pode falar sem medo, visto que está acima de todas as coisas que o homem necessita para viver.
Como dirá o Fedro, "o amor insaciável, o amor solitário, sempre inquieto com o que ama, sempre carecendo de seu objeto, é a paixão, a verdadeira, a que enlouquece e dilacera, a que esfomeia e tortura, a que exalta e aprisiona. Como poderia ser de outro modo? Só desejamos aquilo que nos falta, o que não temos: como poderíamos ter o que desejamos? Não há amor feliz, e essa falta de felicidade é o próprio amor. “Como eu seria feliz se ela me amasse”, diz-se ele, “se fosse minha!” Mas, se fosse feliz, não a amaria mais, ou não seria mais o mesmo amor.
Essa colocação platônica amplia o leque de discussão interminável sobre a idéia do amor. Quanto a passionalidade, é próprio de quem ama aceitar ser objeto do amado. No mais, Sartre também deu sua contribuição à questão, admitindo o amor como um empreendimento irrealizável por se colocar fora de alcance da liberdade alheia. Para ele, quem ama quer tomar posse da liberdade do outro e tratá-lo como propriedade ou objeto.
Assim, o amor passional perde o sentido, embora, a discussão permaneça sempre válida com pontos de vistas que se contraponha à de Sartre. Mas entre Shakespeare e Sartre há um interessante ponto em comum: o amor malogra de fato e de direito, no caso do dramaturgo inglês terminando com a morte do amante e do amado e, no caso do filósofo e literato francês, amante e amado entra em conflito. E nada mais.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá
SEu blog continua lindo, sempre estou aqui...
COMEÇOU O SORTEIO DENATAL DOCECABANNA, QUE VAI SORTEAR 5 PESSOAS, COM PREMIOS INCRIVEIS...E AINDA DÁ DUAS CHANCES EXTRAS...
Voce não pode ficar fora desta!!!! te aguardo.

Um grande beijo!!!!SAÚDE E PAZ!!!