quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Impressões acerca do debate na TV União


Na terça-feira, vinte de janeiro de 2009, tive a oportunidade de estar na TV União, juntamente com a professora Eliana Paiva para um debate sobre Sartre. Neste sentido, posso apontar algumas questões interessantes sobre o que aconteceu:
1. Ao entrarmos na emissora fomos recebidos por uma secretária que nos entregou um termo de cessão de imagem para assinar e deixar com a emissora.
2. O apresentador do programa Da Hora, Rodrigo Vargas foi bastante solícito e soube conduzir o debate com o conhecimento de quem sabia o que estava fazendo.
3. No primeiro bloco do programa que tratou basicamente sobre a figura pessoal e pública de Sartre, posso destacar a seguinte frase: "Em que princípio eu posso me apoiar para assassinar o outro ou em que tipo de norma o outro pode se apoiar para me matar?". A frase foi dita quando citei a presença de Sartre no quadro do exército francês durante a 2° Guerra Mundial e o mesmo via diariamente pessoas sendo cruelmente exterminadas. Citamos que esta impressão contribuiu muito para moldar o seu pensamento.
4. No segundo bloco foi tratada a relação entre existencialismo e marxismo na qual citei e expliquei a frase de Sartre: "O marxismo é o horizonte insuperável do nosso tempo". A influência de Marx, Hegel e Husserl na França nos anos 30-40 também foi discutida.
5. No terceiro bloco registro a crítica da Eliana ao fato da sociedade ser vista como algo doente e se apoiar em remédios para justificar a cura dos seus problemas. Na ótica de Sartre é um equívoco pensar uma sociedade doente ou sã. E eu complementei, "A angústia ou a náusea não são doenças, mas sintomas da existência e da própria realidade humana. É preciso aprender a lidar com uma dor do mesmo modo que se lida com uma alegria. Sem entrar em desespero. O homem sente as dores e as alegrias na mesma intensidade".
6. No bloco seguinte foi mostrada a relação entre Sartre e Beauvoir no amor e na escrita. A distinção entre amor necessário (Sartre e Beauoir) e amores contingente(Sartre e olga ou Sartre e Sylvie). Também fica em destaque a resposta da Eliana acerca do estilo de escrita de Sartre - em forma de ensaio - e minha complementação exemplificando o sub-título de O ser e o nada - Ensaio de ontologia fenomenológica.
7. Um das perguntas mais interessantes do programa feita pelo apresentador Rodrigo Vargas foi com relação a história: "Para Marx e história sempre se repete como uma farsa ou uma tragédia. E para Sartre?". Num primeiro momento titubeamos em responder, mas quando o apresentador retrucou, a Eliana foi taxativa: "a história para Sartre não se repete. Os momentos são diferenciados". E complementei: "a temporalidade (passado, presente e futuro) pode nos ajudar a entender a questão", explicando em seguida porque a minha história não pode ser resultado das ações erradas dos meus pais ou antepassados. As situações da minha existência são distintas das do meus pais.
8. Houve uma pequena brincadeira entre o apresentador e nós quando tive que explicar de uma forma bem espontânea sobre a má-fé, dizendo que estaria morrendo de vergonha e queria sair dali correndo ao que o apresentador retrucou: "rapaz, não faça isso". E em seguida, expliquei a atitude de má-fé, quando se trata de justificar a solução para o desespero através de uma atitude contrária a da afirmação do sujeito. Isto é, "estou desesperado, afundado numa crise emocional e financeira e o que faço? Vou para a igreja achando que lá estará a solução para tudo".
9. Por último tivemos o bloco final para divulgar nosso trabalho - Cadernos Sartre - agradecer o convite e enaltecer a importância desse debate.
Assim, acredito que o saldo do debate foi positivo, haja vista que conseguimos mostrar um pouco do pensamento sartriano numa linguagem acessível a todos. A repercussão entre os estudantes da UECE, amigos, conhecidos e pessoas que citaram nossa presença no debate foi notória.
Agradecemos a todos a audiência, as mensagens e os e-mails enviados.

Carlos Henrique Carvalho

Um comentário:

Sofiabono disse...

Há pouco tempo descobri esse blog sobre o Sartre e constantemente estou lendo as novidades.Ele é de muita relevância. Sobre o debate da TV União. Gostei muito. O que me chamou atenção que existiu divergência dos debatedores, apesar de aduquirirem a mesma influencia das idéias de Sartre,no debate. Isso mostra que o Grupo Sartre é um grupo que leva a sério o pensamento sartriano. Não deixa a impressão de conformismo, como os marxista deixam.De resto sentir que o grupo expressa a proposto de Sartre muito bem.Eu desejo que continuem com essa qualidade de debate.

BONO