sábado, 21 de março de 2009

Peregrinando II - Lenda do Piauí





Qualquer lugar deste imenso Brasil guarda suas peculiaridades, características singulares e contradições. Também, por esse país afora podemos perceber a imensidade de histórias e mitos que ficam na memória do povo. Em Teresina, cidade belíssima, única capital nordestina que não se situa no litoral e uma das menos inseguras no país, banhada pelos rios Parnaíba e Poty, guarda na memória do seu povo, a lenda de Crispim da cabeça de cuia, uma lenda fascinante do povo piauiense.

"Crispim era um jovem rapaz, originário de uma família muito pobre, que vivia na pequena Vila do Poti (hoje, Poti Velho, bairro da zona norte de Teresina). Seu pai, que era pescador, morreu muito cedo, deixando o pequeno Crispim e sua velha mãe, uma senhora doente, sem nenhuma fonte de sustento. Sendo assim, Crispim teve que começar a trabalhar ainda jovem, também como pescador.

Um dia, Crispim foi a uma de suas pescarias, mas, por azar, não conseguiu pescar absolutamente nada. De volta à sua casa, descobriu que sua mãe havia feito para o seu almoço apenas uma comida rala, acompanhado de um suporte de boi (osso da canela do boi). Como Crispim jazia de fome e raiva, devido à pescaria fracassada, enfureceu-se com a miséria daquela comida e decidiu vingar-se da mãe por estarem naquela situação. Então, em um ato rápido e violento, o jovem golpeou a cabeça da mãe, a deixando a beira da morte. Dizem, até mesmo, que de onde deveria sair o tutano do osso do boi, escorria apenas o sangue da mãe de Crispim.

Porém, a velha senhora, antes de falecer, rogou uma maldição contra seu filho, que lhe foi atendida. A maldição rezava que Crispim transformasse-se em um monstro aquático, com a cabeça enorme no formato de uma cuia, que vagaria dia e noite e só se libertaria da maldição após devorar sete virgens, de nome Maria.

Com a maldição, Crispim enlouquecera, numa mistura de medo e ódio, e correu ao rio Parnaíba, onde se afogou. Seu corpo nunca foi encontrado e, até hoje, as pessoas mais antigas proíbem suas filhas virgens de nome Maria de lavarem roupa ou se banharem nas épocas de cheia do rio. Alguns moradores da região afirmam que o Cabeça de Cuia, além de procurar as virgens, assassina os banhistas do rio e tenta virar embarcações que passam pelo rio.

Outros também afirmam que Crispim ou, o Cabeça de Cuia, procura as mulheres por achar que elas, na verdade, são sua mãe, que veio ao rio Parnaíba para lhe perdoar. Mas, ao se aproximar, e se deparar com outra mulher, ele se irrita novamente e acaba por matar as mulheres.

O Cabeça de Cuia, até hoje, não conseguiu devorar nem uma virgem de nome Maria."

No lugar onde se encontram os rios Parnaíba e Poty, há um monumento em homenagem a esta bela lenda e um restaurante flutuante onde é possível apreciar as delicias da culinaria local.

Para conhecer um pouco mais veja em:

http://www.cabecadecuia.com/a-lenda-do-cabeca-de-cuia.html
http://www.guiateresina.com.br/canais/turismo/monumento-cabeca-de-cuia/
http://www.brasiliatur.com.br/teresina.htm

Carlos Henrique Carvalho

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