domingo, 31 de agosto de 2008

PAUSA

O blog vem passando por um período de poucas postagens em função dos muitos trabalhos acumulados neste semestre, o que me impede de postar pelo menos duas vezes por semana. Por isso, estou momentanemente afastado deste espaço. Mas após o evento "Centenário dos franceses Merleau-Ponty e Simone de Beauvoir - Resistência, arte e contracultura", voltarei com força a trabalhar a criticidade e poética em todas as suas amplitudes.

Um singelo abraço a todos que visitam este espaço.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O corpo estetizado nas Olimpíadas


"Transformado em espetáculo pelos meios de comunicação, o esporte, enquanto
signo da sociedade contemporânea, remete a imagem de viver bem, estar bem
consigo, ser vitorioso, transmitido como ideais a serem atingidos pela média da
população.[...] o esporte, visto como mais um produto de consumo, precisa criar
protagonistas para vender em espetáculo esperado e desejado".(RÚBIO,2001,p.103).

Aproveitando o embalo das Olimpíadas de Pequim 2008 e de mais um fracasso brasileiro numa competição desse porte, venho a refletir sobre a relação entre a prática esportiva como valorização do sucesso e a otimização da performace dos atletas, que dispõe de todos os tipos de medicamentos e produtos a fim de tornar o corpo mais forte, resistente e "belo".
Reconheço que em competições individuais, a performace de um atleta resulta sempre numa pressão maior em relação às compertições coletivas. Por exemplo, numa competição de levantamento de peso ou salto com vara, somente um atleta tem condição de competir e chamar a atenção da mídia e do seu país de origem, como um exemplo de atleta de vitorioso, um herói. E isso traz uma pressão que exige frieza emocional e racionalidade em sua ação, o que raramente ocorre em esportes coletivos (futebol, volei, basquete etc.) na qual as responsabilidades são divididas e a culpa pelo fracasso também. No entanto, tornou-se comum que muitos desses atletas no afã de tornar-se reconhecido como um vencedor, acaba por destituir-se de moral e/ou virtude, passa a utilizar drogas e criar uma sobrecarga de treinamentos que o corpo não suporta por muito tempo. Quem acompanha essas olímpiadas deve ter notado inúmeros atletas abandonando as competições por falta de fôlego ou contusões que variam das mais simples às gravíssimas, desencadeando um sentimento de vazio, de frustração.
Acontece que o corpo não é uma máquina e jamais deve ser tratada como tal; é preciso superar esse discurso "inquestionável" de que o corpo sempre suporta mais um pouco e aceitar de uma vez que todos os atletas são humanos e falhos, o que não os impede de ser um vencedor. É necessário ir além da cultura da imagem do eu, que estabelece a hegemonia da aparência, que passa a se constituir critério fundamental do ser.
Assim, o atleta passa a valer pela sua aparência, de acordo com as imagens produzidas para se apresentar na cena social. Nesse sentido, a mídia cumpre um papel de destaque nessa configuração, pois, com seu culto às celebridades, alimenta os sonhos narcisistas de fama e glória do homem comum que, identificado com esse discurso, sente dificuldade em aceitar a banalidade da existência cotidiana.
Claro que a máxima apregoada pelo Barão Pierre de Coubertin (1863-1937) - "o importante é competir" - não passa de uma utopia poética. Mas isso não é motivo para que uma vitória ocorra na base do uso de drogas ou de fraude, isto é, competir a qualquer custo tem produzido muitos resultados frustrantes. O triunfo não está simplesmente numa vitória, na medalha olímpica, mas no aprendizado que uma competição pode gerar, como uma experiência inesquecível que supera qualquer noção de que o corpo é a única identidade real do sujeito.


Para conhecer mais sugiro uma bibliografia:
LIPOVETSKY, G. O Crepúsculo do Dever. Lisboa: Dom Quixote, 1994.
RÚBIO, K. O Atleta e o Mito do Herói. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001

domingo, 17 de agosto de 2008

Reviver você



Guardei teu mais lindo sorriso,
Na moldura de um porta - retrato,
Relembrado pela chama da saudade.

Pois quando um dia o tempo despertou,
A mácula do amor inacabado,
Sofreu meu coração a tua ausência.

E ainda dilacera a dor no peito,
Pela distância que separa nossas almas,
Então vivemos eternamente a fugir da dor.

Quando muitos momentos se vão,
Lembro daquele lindo olhar,
Guardado na fronte dos meus sonhos.

É assim que tento reviver você em mim.

Carlos Henrique Carvalho

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

E as olimpíadas começam


Em honra a Zeus, a Grécia se reunia a cada quatro anos no Peloponeso, na confluência dos rios Alfeu e Giadeo, onde se erguia a cidade de Olímpia, que a partir do ano 776 a.C. cedeu seu nome para aquele que viria a ser a maior competição esportiva em toda a história da humanidade, os Jogos Olímpicos - mais tarde, genericamente Olimpíadas - , que teve como primeiro vencedor o atleta Coroebus, cingido por uma coroa trançada por folhas de louro, único prêmio e símbolo da maior vitória.

Invadindo a era cristã (disputava-se a 194a olimpíada, quando nasceu Jesus Cristo), manteve seu espírito esportivo e seu condão mágico de unir homens fazendo-os disputar desafios, até o ano 394 d.C., quando o imperador Teodósio II ordenou sua interrupção, parecendo então condenada ao desaparecimento, a se transformar em um dado histórico apenas. E por quase 1500 anos (exatamente 1492) foi assim, até a intervenção de um idealista francês, o Barão Pierre de Cobertin.

A princípio, apenas homens eram admitidos na disputa, da qual passou a fazer parte, quase como um símbolo, uma homenagem perpétua dos Jogos à Grécia, a Maratona, corrida de fundo na distância de 42 quilômetros e 500 metros, a mesma percorrida por um soldado grego, que a correr levou até Atenas a notícia da vitória de seu exército na batalha Maratona, cidade da Ática, onde se combatiam os persas. Dada a notícia, caiu morto, tornando-se sinônimo da tenacidade.

Atenas foi escolhida pelo Barão de Cobertin com muita propriedade para a retomada dos Jogos Olímpicos em 1896, passando a serem conhecidos como os Jogos da Era Moderna. Uma era que já não dava ao desporto o poder de interromper guerras, mas, ao contrário, era interrompido por elas. Nestes cem anos, o quadriênio olímpico silenciou seu toque de reunir nos anos de 1916, 1940 e 1944, durante a vigência das chamadas Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

Dos 13 países que participaram dos Jogos de 1896, em Atenas, aos 187 países e 10.788 atletas presentes em Atlanta, na 26a Olimpíada da Era Moderna, mudaram conceitos, o amadorismo puro foi esquecido, o mercantilismo encontra cada vez mais espaço, os países investem milhões de dólares em suas delegações, os Jogos são a melhor vitrine que os participantes poderiam ter e a máxima do Barão de Cobertin (Importante é competir, não vencer) está cada vez mais esquecida.

Mas, após cada Olimpíada, o mundo nunca mais é o mesmo.


Fonte: Texto gentilmente cedido por Gisele k Pereira e parcialmente retirado do site
http://www.birafitness.com/histdasolimpiadas.htm

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