quarta-feira, 30 de abril de 2008

Ate onde, até quando?


Passado um mês do assassinato brutal de uma criança em São Paulo, caso este que abalou a sociedade do país e vem repercutindo ainda pela demora na resolusão do crime, me sinto forçado a questionar: até onde a informação pode ser benéfica ou prejudicial às pessoas? A imprensa no afã de divulgar a informação a qualquer custo acaba desencadeando uma campanha de execração pública contra os acusados do crime, no caso, o pai e a madastra da criança.
Mas o fato é que antes mesmo de se apurarem os culpados ou o culpado, a mídia com sua avalanche de notícias deu a entender que o pai e a madastra havia cometido o ato bárbaro, criando um pré-julgamento e causando uma má influência na sociedade que passou a se instalar na porta da casa dos acusados e perseguí-los. Ora, há algo mais insano que fazer um julgamento antes de se conhecer o fato ou a pessoa? E eu me pergunto quem é medíocre, se as pessoas que estão perseguindo os acusados ou a mídia que exaure inutilmente um fato de modo desnecessário? Existe uma diferença crucial entre prestar uma informação a todo custo e prestar um serviço isento e sem precipitações.
O fato é que as pessoas não aguentam mais essa avalanche de informações, a maioria delas, diga-se de passagem, recheada de deturpações e ambigüidades. Assim, coloco em xeque o valor das informações prestadas pelo meios de comunicação até que estes venham a divulgar uma notícia sem a precipitação na apuração da história. Por sua vez, as pessoas tem de deixar sua mediocridade de lado e buscar solução para problemas que a mesma mídia muitas vezes esconde. De resto, as pessoas também tem de aprender a questionar todo tipo de informação que lhe é passada e não sair correndo tresloucada a apontar o dedo e a jogar pedras nos acusados. Creio que os jornalistas pensariam melhor antes de "brincar" com as informações e o poder de manipulá-las que tem ao seu dispor.

sábado, 19 de abril de 2008

Coração amordaçado.



Quando se entende o aprumo do viver,
Os ventos sopram nas porteiras do amor,
Ainda porque mal se explica um bem-querer,
Loucamente amordaçado nas trevas da dor.

Estranhas palavras de um coração perdido,
Que decanta sua mágoa na mera incerteza,
De um dia sair ileso sob o olhar dividido,
Feito o desencanto de um amor sem presteza.

Se não sou dono de mim, o que dizer então de ti?
O coração amante não sabe falar,
Nem mesmo em que direção seguir,
Senão somente na mesma que o faz amar.

Mas meu canto não cessa posto que não me entrego,
Distorço as palavras e sai um verso lívido,
Imperfeito sempre que não renego,
A intensa mágoa de um coração perdido.

sábado, 12 de abril de 2008

A cidade e suas dores


Fortaleza, uma cidade de tantas histórias inesquecíveis, de um povo que um dia foi capaz de soltar uma sonora vaia para o sol, que entre suor e lágrimas sonhou sua grandeza, que nas esquinas e becos de andarilho renovou a sua fé em dias melhores. A outrora bela cidade de Fortaleza com suas praias e luzes singelas esconde uma infinidade de problemas que, somente, as pessoas que habitam os seus recônditos mais simples não têm dificuldades em perceber. É impossível negar que tais problemas têm tirado não somente a beleza deste lugar, mas tornado cada canto difícil de habitá-la.
O Deputado Leo Alcântara na sessão de 12 de Abril de 2000 fez um discurso emblemático pelo aniversário de Fortaleza. Retirei um breve trecho que espelha com precisão algumas dores que passamos:
“Infelizmente, existe ainda uma outra Fortaleza, cheia de contrastes e de índices que precisam ser melhorados. A cidade cresce a cada dia - hoje cerca de 30% da população do Estado concentra-se na Capital - e com isso ganham dimensões os problemas comuns às grandes cidades. O maior desses problemas está na área social... Também há problemas de emprego e de falta de moradia. Em Fortaleza, parcela significativa da população vive em favelas e uma minoria habita os melhores bairros. Tais contrastes têm início com a saída do sertanejo para a cidade grande, fugindo da seca e com a esperança de encontrar um lugar melhor para viver. O ciclo da miséria rural gerando a pobreza urbana ainda é realidade na nossa cidade”.
De fato, nesta década temos visto um retrocesso inegável, na qual não bastasse o aumento da favelização tornando a miséria algo inescapável, também temos visto profundas cenas de desrespeitos para com o povo que vive por estas plagas. Isso é notório quando em torno de R$ 2 milhões (entre recursos públicos e privados) serão gastos para festejar o aniversário de 282 anos da cidade. Enquanto isso, as chuvas constantes dificultam a vida das pessoas que dependem fundamentalmente do apoio dos órgãos governantes no quesito de moradia e bem-estar. Mas infelizmente, o dinheiro já está sendo gasto com uma grande e inútil festa da qual recordaremos somente a sujeira deixada nas ruas e praias da nossa cidade.
Em tempo: não vejo motivo algum para comemoração e, menos ainda, para o gasto inútil com uma festa que não ajudará em nada a quem necessita.

Para saber um pouco mais:
http://www.camara.gov.br/leoalcantara/hpleo/DISCURSO/anifor.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza

quarta-feira, 9 de abril de 2008


Caros amigos,

Não tenho nada contra o Google no qual este blog se encontra ligado, mesmo que informações imprestáveis sejam algo trivial no mundo da virtualidade, o que me interessa é desenvolver um bom trabalho por estas bandas. Mas hoje uma notícia, cujo título ("CPI da Pedofilia quebra de sigilo de álbuns do Orkut") me chamou a atenção e, nesse caso, resolvi transcrevê-la na íntegra.

B"Rio de Janeiro, 9 abr (EFE) - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Senado determinou hoje a quebra do sigilo de 3.261 álbuns do Orkut, site de relacionamentos do Google, para investigar a atuação de pedófilos e divulgação de pornografia infantil. Hoje, a CPI ouviu diretores do Google e um procurador que acusa a empresa de não colaborar na luta contra a pedofilia por se negar a fornecer detalhes de seus usuários.

A Procuradoria do estado de São Paulo deu prazo até hoje para que o Google permita o acesso aos álbuns suspeitos no Orkut e advertiu de que se não fizer isso, a companhia poderá ser alvo de um processo civil e criminal.

O caso também está sendo tratado pela ONG SaferNet.

O procurador da República no estado de São Paulo Sérgio Suiama disse perante a comissão que o Google evade de sua responsabilidade por crimes cometidos por alguns dos 27 milhões de usuários brasileiros do Orkut.

Segundo o Suiama, a empresa mantém "uma posição pouco negociável" em relação à divulgação de pornografia infantil, informou a "Agência Senado".

Além disso, o procurador se queixou de que quando os crimes são denunciados, o Google apaga todos os dados das páginas suspeitas, o que, disse, torna difícil conservar provas e "facilita a impunidade dos autores".

Por sua parte, o diretor-presidente do Google Brasil, Alexandre Hohagen, anunciou que a empresa estuda aplicar no país ferramentas tecnológicas que permitam garantir o gerenciamento e filtragem de páginas e mensagens do site de relacionamento.

"Nós estamos muito comprometidos a fazer um esforço adicional de colaboração para encontrar os criminosos, prevenir novos casos e cooperar com autoridades e ONGs ", afirmou Hohagen.

Notificações dos próprios usuários dentro de Orkut indicam que só 0,4% das denúncias se refere a crimes contra crianças, o que indica que se trata de um problema "bastante específico", afirmou.

O presidente da SaferNet, Thiago Tavares Nunes de Oliveira, disse aos integrantes da comissão que o "Orkut ainda é o paraíso da pornografia infanto-juvenil", devido à deficiência da legislação, à falta do aparato policial e à ausência de uma política preventiva.

Segundo Oliveira, "cerca de 90% das denúncias sobre abusos dos direitos humanos na internet" estão relacionados com o Orkut e "40% se referem à pornografia contra crianças e adolescentes".

A SaferNet critica principalmente os álbuns bloqueados, um novo recurso de privacidade oferecido pelo Orkut, que "podem conter imagens de pornografia infantil".

Cerca de 75% dos álbuns de fotos são usados para trocar imagens de pornografia, e aparecem sob perfis falsos, afirmou Oliveira.

A ONG encaminhou ao Ministério Público 55.908 denúncias de páginas de pedofilia na internet, 38.760 correspondentes a 2007.

Somente no primeiro trimestre deste ano foram denunciadas no Brasil 13.375 sites de pedofilia e os casos relacionados com o Orkut cresceram 108%, segundo o diretor da organização.

O senador Magno Malta (PR-ES), que preside a comissão, afirma que "quem se instala no Brasil ou publica páginas que são lidas a partir de computadores no Brasil tem que obedecer à lei brasileira".

"Se o Google ganha dinheiro no Brasil, tem que cooperar no combate à pedofilia", indicou". O conteúdo se encontra disponível no link: http://br.noticias.yahoo.com/s/09042008/40/saude-cpi-determina-quebra-sigilo-albuns-orkut-combater-pedofilia.html

E eu digo mais: se esta moda pega, tudo vai virar motivo para um caça às bruxas. Além do mais, é de praxe afirmar que o judiciário brasileiro não manifesta a preocupação de pegar os ladrões de colarinho, mas procura "mostrar" serviço caçando pedófilos pela internet, o que convenhamos é muita cara de pau, para quem não caça os mesmos pedófilos nas ruas das cidades, quando estes vão seduzir de todas as formas a juventudade transviada do nosso País. Ademais, a pedofilia é um problema muito, mas muito mais antigo que a existência do orkut ou outro meio ilícito de infrigir a lei. Logo, tá mais do que na hora dos políticos e do judiciário do País fazer algo sério e não procurar resolver os problemas por meio de medidas enganadoras.

sábado, 5 de abril de 2008

Tantas vidas



Um lapso no tempo,
Passos certeiros na escuridão,
Vidas indômitas,
Guerreiro imperfeito.

Desejo de um lutador incansável.
A vitória nas agruras da miséria.
Ecoa no vento o nome do amor,
sopro de uma centelha humana.

As cores do mundo na vã superfluidade,
Assusta os limites do vivido,
A vida expande seu sentido na dor,
De um mundo sem desejo de viver.

Sem vida, sem dor.

Carlos Henrique Carvalho

terça-feira, 1 de abril de 2008

A miséria e a tocha olímpica



Prezados amigos,
Início esse pequeno texto com uma suposição: imagine a população brasileira na sua totalidade (183,9 milhões de habitantes segundo dados do IBGE de dezembro de 2007) vivendo em favelas, barracões ou moradias de alto risco? Seria, sem dúvida, catastrófico, mesmo para um país combalido por anos e anos de incompetências administrativas. Agora, imagine 120 milhões de pessoas morando em cavernas à mercê dos múltiplos riscos como ocorrera na pré-história? Bem, este é o número de chineses que vivem em cavernas no vale do Rio Amarelo.
Como se sabe este ano Pequim (a cidade mais poluída do mundo sediará os Jogos Olímpicos) e os recursos gastos pelas iniciativas públicas e privadas são uma afronta à desumanidade praticada com esses milhões de chineses que vivem no submundo miserável e, certamente, esquecidos pelas organizações governamentais ou não que proliferam no planeta. Estima-se que os gastos para a promoção de um evento desse porte tenha sido até agora na ordem de 2,2 bilhões em dólares (cerca de R$ 4 bilhões), isto sem contar os gastos com a inútil tocha olímpica, que sem dúvida, não serve para iluminar as cavernas onde vivem os milhões de chineses, mas vai passar por inúmeros países
O absurdo não é entender como tanta gente vive excluída num país que apregoa a tese de maior potência desenvolvimentista e promotora de bem-estar social. Mas que na verdade tem se destacado pela exclusão evidente de seu povo das necessidades fundamentais de sobrevivência. O absurdo é saber que tanto dinheiro despendido poderia melhorar visivelmente a vida daquele povo que tem como único habitat, as cavernas no vale do Rio Amarelo.
Enquanto isso, a tocha olímpica viaja pelo mundo e a miséria continua chamando a atenção. Mas não damos atenção a ela. A miséria é feia, assustadora, nos assombrando sem pudor. A tocha é iluminada, bela, mas não tem nenhuma utilidade. Em tempo: A tocha olímpica não passará pelo Brasil e não fará a menor falta.

Para saber mais:
http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-16513-2-268052,00.html
www.newstin.com.pt/sim/pt/46541583/pt-010-000072198 - 21k
http://adbusters.org/the_magazine/images/stories/64/Chinawater.jpg

Carlos Henrique Carvalho